A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) destacou sua atuação estratégica no processo que levou à reclassificação da Barragem Forquilha III, localizada na mina de Fábrica, entre Ouro Preto e Itabirito (MG). A Agência Nacional de Mineração (ANM) anunciou que a estrutura, da Vale, passou do nível 3 para o nível 2 de emergência, após análises técnicas que comprovaram avanços significativos em sua segurança.
De acordo com a ANM, a decisão foi baseada em avanços técnicos registrados nos últimos anos, como novas investigações de campo, ensaios laboratoriais e a calibração da instrumentação instalada na barragem. Esses elementos permitiram maior alinhamento entre os modelos de análise e as condições reais da estrutura, proporcionando mais precisão nas avaliações. Outro fator determinante foi a redução dos níveis de água interna, o que contribuiu para o rebaixamento da classificação.
A escala de emergência de barragens, definida pela própria ANM, é composta por três níveis: o nível 1 indica anomalias que precisam ser monitoradas; o nível 2 mostra a necessidade de ações corretivas e de maior atenção; e o nível 3 representa risco iminente. Nesse contexto, a mudança da Forquilha III de nível 3 para nível 2 representa um avanço técnico relevante, ainda que mantenha a necessidade de monitoramento constante e de medidas preventivas.
Mesmo com a reclassificação, as medidas de segurança permanecem rigorosas. A Zona de Autossalvamento segue evacuada e as operações continuam sendo feitas por equipamentos remotos, reduzindo a exposição de trabalhadores. Além disso, a Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), construída como barreira adicional de proteção, mantém sua Declaração de Condição de Estabilidade positiva, reforçando a proteção das comunidades no entorno.
Para o diretor de Gestão de Barragens e Recuperação de Áreas de Mineração e Indústria da Feam, Roberto Gomes, a decisão da ANM reflete o trabalho consistente de monitoramento realizado pelo órgão ambiental mineiro. “O resultado está diretamente ligado ao trabalho contínuo de fiscalização e monitoramento da Feam, que busca aprofundar o conhecimento técnico sobre a estrutura. A redução dos níveis de água interna é um avanço importante porque permite intensificar as discussões sobre a descaracterização, que segue como objetivo principal”, destacou.
Construída pelo método a montante — modelo considerado mais vulnerável e cuja eliminação foi determinada pela legislação mineira —, a Forquilha III precisa ser descaracterizada com a maior brevidade possível.
O processo de descaracterização é a etapa final prevista para barragens desse tipo, garantindo que deixem de funcionar como estruturas de contenção de rejeitos. Trata-se de um procedimento complexo, que envolve drenagem controlada, intervenções no maciço e execução de obras de engenharia para eliminar, de forma definitiva, qualquer risco futuro. A Feam tem acompanhado de perto todas as etapas.
Governança e protagonismo na agenda minerária
A reclassificação da Forquilha III ocorre em um momento em que Minas Gerais fortalece sua governança ambiental. O estado foi o primeiro do país a firmar um Acordo de Cooperação Técnica com a ANM voltado ao fechamento de minas, iniciativa que conta com protagonismo da Feam.
O acordo estabelece protocolos conjuntos para gestão de minas paralisadas, em fechamento ou abandonadas, além de promover intercâmbio técnico, capacitação de servidores e vistorias integradas. Essa atuação reforça o papel estratégico da Feam na condução da agenda minerária, garantindo mais eficiência nos processos de descaracterização e recuperação de áreas impactadas.
Caroline Mércia
Ascom/Sisema